Outros Tempos
domingo, 25 de abril de 2010
 Vieram de noite dizendo: "ele está morto, Meu Deus está morto"
 Eu tentei falar, mas não me ouviram, não quiseram.
 Ignoram a chuva de gritos, a avalanche de braços e pernas no ar, e o maremoto de lágrimas que a forca da minha natureza lhes deu. 
 Agarraram me, 
 Levaram me inanimado. 
 Permaneci de olhos fechados cerca de 24 horas. Falei apenas silencio... 
 A certo ponto, mesmo eu começava a acreditar que estava morto.
 Estava morto. eu que antes manejava de forma a me libertar dos braços que me oprimiam - estava morto. 
 De manhã chegaram, como corvos, vestidos de preto com agua nos olhos na cara e na pintura. 
 vestira-me de preto também. Mas eu não era um corvo. Era uma pena deixada para traz. 
 Que diferença faz?!
 O sol não havia. Nuvens sim, chuva sim, sol não. 
Haviam alguns que eu ainda conhecia, uns eram grandes e outros pequenos, mas só falavam  para eles mesmos. 
Quem muito me olhava era o coveiro, que mesmo ele parecia morto. 
A musica cerimonial veio dar lugar a som da chuva. 
Chuva terra e lama. 
Agarra no meu cadáver, espeta-o dentro de uma coisa rectangular de madeira, fiquei.
Chuva terra e lama na minha cara. Fecharam me a porta  na cara. Prenderam me o corpo. 
Deram me sono
 Adeus, Descansa, vai, voa, parte, sê feliz etc etc etc. 
Dormi sem sono.
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