Outros Tempos

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Pintor e A Tela

     Algures ali naquele lugar vermelho, em outro espaço, sentado está alguém, é o Pintor. Numa mão segura cigarro, na outra café. A volta, só paredes. Na sua frente, na parede em sua frente está alguém também: uma Tela.
     O repugnante perfume de nicotina vandaliza o lugar. Mas aos dois não parece importar. Fez 06, 03 meses. E no meio de todo aquele silencio já se disseram muitas coisas...

     Deixando-se engolir pelo olhar um do outro, ficam.
     No olhar, ouvem se as palavras. No olhar, sentem-se os toques. Nos olhos, olha-se o sentimento.

    A Tela, não é regular, ela tem relevâncias de açúcar espalhadas sobre o pano. O Pintor traz a tinta amarelo-limão. O que fazem eles ali não sei, mas de
qualquer forma sabe lhes bem, se não teriam partido.
  
    Pintores existem para que também Telas possam existir. Os dois sós não servem de nada, ou de muito pouco servem. Mas juntos fazem construções que transcendem a Razão.
    A arte cometida ali não pode ser atribuída à materialização. É no fundo, uma necessidade -  de se sentir ,  o nu, o pertencer, o toque, a contemplação, a confiança, a partilha.

    Se de algum modo, a arte é produto do amor, então ali sobre vermelho, uma Tela e um Pintor fazem amor sobre a tutela de arte.

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